quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

{...} Num dia de verão...


Num dia de verão abri a janela de par em par. Pareceu-me que o jardim entrara na sala. Eu tinha vinte e dois anos e sentia a natureza em todas as fibras. Aquele dia estava lindo. Um sol mansinho, como se nascesse naquele instante, cobria as flores e a relva. Eram quatro horas da tarde. Ao redor, o silêncio. Voltei-me para dentro, amolecida pela calma daqueles momentos, Queria dizer-lhe:– Parece-me que essa é a primeira das horas, mas que depois dela mais nenhuma se seguirá.Mentalmente ouvi-o responder:– Isso é apenas uma tendência sentimental indefinível, misturada à literatura da moda, muito subjetivista. Daí essa confusão de sentimentos, que não tem verdadeiramente um conteúdo próprio, a não ser o seu estado psicológico, muito comum em moças solteiras de sua idade...Tentei explicar-lhe, combatê-lo... Nenhum argumento. Voltei-me desolada, olhei seu rosto triste e ficamos calados.Foi então que pensei aquela coisa terrível: “Ou eu o destruo ou ele me destruirá”.

História Interrompida - A Bela e a Fera

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