domingo, 15 de fevereiro de 2009

Domingo

{...} Os marinheiros passeando pelo cais, pela praça. Um vestido cor-de-rosa aparecendo e desaparecendo numa esquina. As árvores cristalizadas em domingo, - domingo é qualquer coisa como árvores de Natal - brilhando silenciosas, contendo, assim, a respiração. Um homem passando com uma mulher de vestido novo. O homem quer não ser nada, anda ao lado dela olhando-a quase de frente, indagando, indagando: diga, mande, pise. Ela não respondendo, sorrindo, puro domingo. Satisfação, satisfação. Pura tristeza sem mágoa. Tristeza de domingo no cais do porto, os marinheiros emprestados à terra. Essa tristeza leve é a constatação de viver. Como não se sabe de que modo usar esse conhecimento súbito, vem a tristeza.

Perto do Coração Selvagem

2 comentários:

Rafael Nóbrega disse...

Exatamente o que eu precisava...
Bjo na alma!

Anônimo disse...

Muito bonito!